Sexta fui ao hospital para o terceiro ciclo de quimio e receber os resultados dos exames que fiz, tomografia, ecografia. A boa noticia foi que não encontraram nada no pâncreas, rim e fígado, mas novamente fui surpreendida com a noticia que jamais gostaria de ouvir, há metástases na coluna e nesta não há o que fazer, apenas tratamento paliativo pra dor e me manter viva.
O que dizer pra uma mãe, esposa, profissional, cristã que tem se segurado até então em sua fé de que voltará a ser quem fora um dia depois de um diagnóstico desse? Tentei, juro que tentei não me deixar abater por mais essa noticia, mas não dei conta. Fui pra sala da psicóloga e deixei ela doida, fui pra quimio chorosa e abalada, voltei pra casa, 7 horas de quimioterapia depois, com a cabeça a mil, rodando mil filmes na minha cabeça, de filmes que já vi, mas principalmente dos que gostaria de ver, minha filha formando-se, de noiva no altar, chegando em casa com seus filhos e eles correndo pra mim gritando vovó, vovó... Eu chegando cansada da escola; enlouquecida com as contas a pagar, vendo meu pequenino fazendo formatura de pré, ensino médio, facul... Tornando-se um grande homem , integro e de caráter como o pai, amoroso como a mãe.
Chorei, desesperei, como nas outras vezes, mas desta vez foi diferente, porque eu não sentia o que foi dito, não sentia como verdade. É como se eu fosse acordar e sair deste corpo que já não é meu a tempos, desta vida que a doença me transportou.
Não tenho tido dores homéricas, mas agora já sabemos o que ocasionava a minha falta de movimento, e com isso pode-se instituir um tratamento, que não muda nada, diante da metástase no ovário e pele, apenas foi acrescentado mais um remédio e cálcio. Talvez eu faça radioterapia quando terminar as quimios que agora, já não sei mais se vão terminar um dia.
Dias vazios...São sempre assim depois das quimios, os enjôos, os defeitos colaterais acabam te consumindo e quando se vê, já é noite, madrugada e o dia amanhece. E gente lá, com toda aquela ânsia louca de viver, vendo seus dias “vomitados” ralo abaixo.
Eu sei que o post ta confuso, confuso como eu, que não sei e nem quero ir contra mim e minha natureza de guerreira, quero viver, quero a cura, quero ficar boa, e sei o quanto isso irá me custar, a dor que terei que sentir, mas me recuso a ouvir que não tenho cura, me recuso a aceitar tratamento paliativo, me recuso a perder a fé, me recuso que sintam pena de mim, me recuso a me sentir assim, fraca, mas me deixo ficar, pra me fortalecer, porque eu não vou desistir não. Mas me diz, o que dizer pra dona Lilian diante de toda essa confusão de pensamentos e sentimentos? Eu até tento, mas neste momento e como se eu tivesse numa bolha assistindo isso de fora, não acreditando que essa seja mesmo a minha sina, que vou acordar, e nada disso será verdade. Embora eu saiba que é...